Após 20 meses de luta contra o cancro, DJ apresenta amanhã o livro "Ao vivo". Uma obra que versa a doença, mas também excessos e relações do passado, enquanto ainda não pode trabalhar.
Foi há quase dois anos que Luís Costa, aliás DJ Magazino, soube ter leucemia. O cansaço excessivo ("já não aguentava mais") levaram-no ao hospital e de lá já não saiu. O DJ compara o embate do diagnóstico ao momento em que, a 22 de dezembro de 2011, recebeu uma chamada de um GNR a informá-lo da morte da mãe num acidente de viação. "Foi exatamente igual. Senti-me a perder o chão."
Empenhado em passar uma mensagem de esperança, apresenta amanhã no Lux, em Lisboa, o livro "Ao vivo", no qual fala de tudo desde o início da carreira. "Esta doença despiu-me a alma e tirou-me algumas camadas de ego que tinha de artista, fazendo com que falasse de forma mais genuína, sem filtro", assume Magazino. Nele, aborda não só a batalha dos últimos tempos mas também relações que teve no passado e até as drogas.
A ideia surgiu quando foi internado pela segunda vez e não se conseguia mexer, acicatado pelo amigo e radialista da Antena 3 Rui Estêvão. "Ele falou-me em escrever um livro e eu, que ia estar tanto tempo deitado, disse que ia pensar nisso." Consciente que não podia fazê-lo sozinho por estar frágil, lançou o desafio à jornalista Ana Ventura e foi assim, a quatro mãos, que o projeto avançou.
Em conversa com o JN, a pretexto da obra, Magazino diz como é viver a prazo, sempre sem desistir. "Fisicamente sinto-me bem", garante, um dia depois de ter iniciado "um novo ciclo de quimioterapia de 28 dias, mais arrasador" e com dores no corpo. As alternativas começam a escassear, mas o protagonista acredita que "chegará uma nova terapêutica" para o ajudar. Até porque "todos os dias olho para o saco e penso que me vai curar", acrescenta.
Dependente do transplante
Ao longo de 20 meses de luta contra o cancro, Magazino sabe que só tem hipóteses de sobrevivência se fizer o transplante de medula, o que, como relata, tem sido hipotecado: "Só consigo fazê-lo se a quimioterapia limpar a medula para receber uma em segurança. Estou com 40% de células cancerígenas, o que torna impossível o transplante. Neste último mês, a doença galopou muito".
O ano passado, o DJ também teve covid e esteve "em coma trinta e tal dias". "Deixei de falar, fiquei sem capacidades nenhumas. Em coma tinha 10% de sobreviver e o que é certo é que sobrevivi. Depois disso tudo, não pude receber visitas durante os cinco meses em que estive internado."
Referência da música electrónica, o profissional quer muito voltar às cabines. "Isso é o que mais me faz querer viver. Primeiro a saúde, depois é disso que sinto mais falta", admite, focando-se "em ser feliz com as limitações impostas pelo corpo". Por isso, sábado, voltará a tocar, numa festa da Bloop Recording, a editora da qual é sócio, na Piscina Olímpica do Restelo, também em Lisboa.
Magazino : A vontade de vencer a leucemia para voltar às cabines - Jornal de Notícias
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