Uma máquina que faz desenhos com a assinatura do conceituado artista Olafur Eliasson; o quadro de Picasso Femme dans un fauteuil (métamorphose) - que recentemente foi vandalizado pelos ativistas da Climáximo-; e as esculturas e desenhos com intuição fálica da exposição temporária Atravessar uma ponte em chamas da belga Berlinde De Bruyckere.
Estas são algumas das obras de arte que a partir desta sexta-feira podem ser vistas no "novo" MAC/CCB. O espaço, com nove mil metros quadrados expositivos, apresenta as peças em depósito da Coleção Holma/Ellipse (arrestada após falência do BPP), Coleção Teixeira de Freitas e da Coleção Berardo. Aliás, esta última foi a temática mais abordada pela comunicação social junto do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva na apresentação do museu à imprensa, ontem. Também o facto de Berardo ter sido, ou não, retirado da lista de convidados para a inauguração do museu, veio à baila. Algo que o ministro refutou indicando que não convidaria alguém que está em litígio com o Estado.
Sobre a coleção do empresário madeirense, Adão e Silva sublinhou a grande incerteza da decisão entre os três bancos credores e Joe Berardo. "Não podíamos não fazer nada. Não sabemos o que vai acontecer e iremos dialogar com o proprietário da coleção na altura da decisão judicial, mas em termos diferentes dos estabelecidos anteriormente". "O dia de amanhã [hoje] marca um novo rumo no CCB e da comemoração dos seus 30 anos", Adão e Silva reforçou a estratégia de se ter no mesmo espaço as artes performativas e o espaço de exposição.
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Na conferência de imprensa, o ministro puxou dos galões do governo de António Costa e relembrou o investimento em arte contemporânea nestes últimos cinco anos "na ordem dos 100 milhões de euros" em vários equipamentos museológicos. "Reforço ainda a responsabilidade do museu para agregar fontes de receitas e cimentar o seu papel de diversidade social e cultural e voltar a dispor de verbas, na ordem dos dois milhões de euros, para aquisição , algo que o museu não faz há algum tempo", disse.
O ministro referiu ainda que o espaço do MAC no Chiado, que será alvo de ampliação - o que já foi noticiado, irá ter um perfil complementar a este novo MAC no CCB.
![Já começou o futuro da arte contemporânea no CCB](https://static.globalnoticias.pt/dn/image.jpg?brand=DN&type=generate&guid=7ac40233-dabd-424a-881e-19b95aeb0b72&t=20231028085722)
© Gerardo Santos /Global Imagens
As obras ao dispor do público
Na apresentação estiveram também presentes Elísio Summavielle, presidente do Conselho de Administração da Fundação Centro Cultural de Belém, que em breve deixará o lugar, e Delfim Sardo, administrador do CCB responsável pela programação, que fez as honras da casa e mostrou parte do que os visitantes irão ver a partir desta sexta-feira e que durante sábado e domingo entrada gratuita e ainda uma série de atividades e visitas guiadas.
Já hoje o museu abre as portas às 21h30 com as três novas exposições e uma performance musical de João Pimenta Gomes (sintetizador modular) com a voz da fadista Carminho (22:30) e a atuação do DJ Jonathan Uliel Saldanha (23:00).
Das três exposições a inaugurar, a visita de Delfim Sardo começou pelos desenhos da coleção do empresário brasileiro Teixeira de Freitas: Ou o desenho contínuo. O administrador indicou que o título desta exposição (patente até 10 de março de 2024) é inspirado no título de um livro do Herberto Hélder, Ou o Poema Contínuo, (de 2001), e tem foco na arte da América Latina e do Brasil com forte componente em desenhos. De acordo com informação do MAC/CCB e reforçado por Delfim Sardo durante a visita, a mostra está organizada em oito núcleos: a representação do corpo, a intervenção política, o uso de mapas e esquemas de organização do mundo, a tematização da forma, as referências arquitetónicas, o quotidiano, a escrita como exercício de desenho, e os desenhos que refletem conceptualmente sobre a própria prática". Estão ainda disponíveis as duas exposições permanente: Coleção Berardo: Do Primeiro Modernismo às Novas Vanguardas do Século XX - no piso 2 - com curadoria de Rita Lougares. O percurso da Coleção Berardo inicia-se no Piso 2 do museu com núcleos dedicados às principais vanguardas históricas da primeira metade do século XX, como o cubismo, o dadaísmo ou o surrealismo, apresentados de forma cronológica.
No piso -1 está Objeto, Corpo e Espaço - que expõe uma revisão dos géneros artísticos a partir da década de 1960. As obras selecionadas das coleções em depósito no museu incluem a Coleção Berardo e a Coleção Ellipse, a que se juntam também a Coleção Teixeira de Freitas e a Coleção de Arte Contemporânea do Estado.
Sexo, dor e memória por Berlinde De Bruyckere
Atravessar uma Ponte Chamas é a novidade das exposições do MAC/CCB. A artista belga Berlinde De Bruycker expõe os seus trabalhos nos campos do desenho, da colagem e da instalação em torno das grandes temáticas: a morte, a redenção, o sexo, a dor e a memória. "Inspirada na figura intermediária do anjo, esta exposição propõe uma reflexão sobre a relação com o outro, seja como transcendência, como fisicalidade do toque ou como projeção pessoal. Na sequência das salas da exposição, a artista explora estes temas em obras de diferentes momentos do seu trabalho, olhando para a sua potência erótica e a sua ambiguidade". De referir que esta mostra inclui também um polo no Museu Nacional de Arte Antiga, onde está instalada a obra Liggende - Arcangelo I, 2023.
![Já começou o futuro da arte contemporânea no CCB](https://static.globalnoticias.pt/dn/image.jpg?brand=DN&type=generate&guid=60b1405f-3646-4c82-b24f-cd8aea41b1e9&t=20231028085722)
© Gerardo Santos /Global Imagens
Ainda antes de se dar a conhecer ao grande público, os espaços do novo MAC/CCB estavam a ser ainda preparados: havia calçada fora do sítio e biombos a impedir a passagem aos mais curiosos na entrada, prateleiras a serem repostas na loja do museu e audiovisual a ser testado. Ensaios e aprumos para aquilo que será o futuro da arte contemporânea no Centro Cultural de Belém.
filipe.gil@dn.pt
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