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Thursday, March 25, 2021

Estilista americana vende camisola portuguesa por 695€ — e finge que é uma criação sua - NiT New in Town

A designer norte-americana Tory Burch está a vender uma camisola dos pescadores poveiros da Póvoa de Varzim como uma criação sua. Segundo o jornal “Público“, a peça chegou mesmo a ser identificada como uma sweater inspirada na baja mexicana, apesar de manter motivos marítimos e uma coroa da monarquia portuguesa em grande destaque ao centro.

Os protestos já foram enviados pela Junta e pelo Município da Póvoa de Varzim, mas a empresa da estilista não tinha dado qualquer resposta até ao final da noite desta quarta-feira, 24 de março, de acordo com a mesma publicação. No entanto, a camisola já mudou de nome no site e perdeu as referências à inspiração mexicana.

Até à hora de publicação deste artigo, a camisola mantinha-se na loja online de Tory Burch, à venda por 695€ — cerca de 10 vezes acima do preço de uma original. Os três comentários nas avaliações da “Sweater Tunic”, o nome pelo qual é referida, apontam o dedo à marca pela apropriação do design.

“Uma cópia exata da camisola tradicional dos pescadores da Póvoa de Varzim, mas não foi dado nenhum crédito à original e estão a cobrar infinitamente mais. Estou contente que, pelo menos, já não aleguem a inspiração mexicana para esta peça. (A sério? Os pescadores lá precisam de uma camisola como esta porque o clima é muito frio)”, escreveu com ironia uma utilizadora que se identifica como Maria, de Lisboa.

camisola
No site de Tory Burch está assim.

O “Público” avança ainda que o presidente da Junta da Póvoa de Varzim ficou “atónito” quando teve conhecimento da situação. Há seis meses, Ricardo Silva deu início a um processo de certificação destas camisolas, que se assemelham às peças grossas usadas por pescadores em vários pontos do mundo, mas que se tornam inconfundíveis pelos bordados de linhas vermelhas e pretas, motivos marítimos e, muitas vezes, também as siglas das famílias que as produziam nos serões em casa.

No modelo que Tory Burch está a vender não há siglas, mas podem ver-se as armas da monarquia portuguesa, remos, uma boia de sinalização de redes e um lampião usado pelos pescadores. O “Público” explica ainda que também não lhe falta aquilo que as bordadeiras locais chamam de “tremidinhos” e “castelinhos”. A página de Facebook oficial da camisola Poveira (que também já denunciou a situação na manhã desta quinta-feira, 25 de março) explica que os primeiros são “carreiras em ponto de liga que se encontram no decote e nas cavas” e os segundos referem-se a “efeitos em ziguezague que orlam os punhos, cós, ombros e golas”.

Segundo o jornal, Ricardo Silva acredita que um elemento menos consciencioso da equipa de criadores da estilista possa ter-se apropriado de um modelo encontrado na Internet. Contactou-os por email e não recebeu resposta. Também protestou na página de Facebook da estilista e continuou sem ter reações do outro lado. A única alteração foi a referência às inspirações mexicanas.

Durante o Estado Novo, a camisola poveira começou a sua internacionalização ao aparecer em revistas, além de ser vestida, por exemplo, por Grace Kelly, princesa do Mónaco. Em 1938 até mereceu a atenção da revista “National Geographic”. Já em 2018, Ricardo Carriço foi fotografado com uma que lhe foi oferecida em visita a Póvoa de Varzim e Marcelo Rebelo de Sousa também tem uma, que lhe foi enviada pelo autarca.

“O dano efetivo, causado pela empresa Tory Burch, é fácil de verificar. Se fizermos a pesquisa no Google de ‘Baja Inspired Sweater’, continua a aparecer a peça da coleção, agora designada por ‘Sweater Tunic’. Ou seja, depois de confrontados com a nossa denúncia resolveram apenas retirar a autoria e as afirmações de falsa inspiração, para apenas assumirem a usurpação cultural de uma das mais emblemáticas peças de artesanato português, que teve honras de selo postal na coleção Trajes Regionais 2007”, disse ainda Ricardo Silva, citado pelo “Público”.

E acrescenta: “É fácil para uma marca internacional apropriar-se seletivamente de peças tradicionais que incluem nas suas coleções a dez vezes o preço praticado pelas artesãs. Uma coisa é utilizar motivos decorativos ou a estrutura da malha, outra é fazer uma cópia sem sequer assumir o nome da peça ‘camisola poveira’ de Portugal. Bastava isso”.

Imagine que os Tapetes de Arraiolos, os Tapetes de Beiriz, os Bordados da Madeira, os Bordados de Castelo Branco, o…

Posted by Camisola Poveira on Thursday, March 25, 2021

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