O pai da peça que o francês Florian Zeller escreveu e levou à cena em 2012 era uma personagem sem nome. Por pai respondia, sem mais explicações. Foi um êxito em Paris, arrecadou um Molière. Depois passou pela Broadway e pelo West End londrino, e àquele prémio juntou um Tony e um Oliver, respetivamente para Frank Langella e Kenneth Cranham, que interpretaram a figura central naquele e deste lado do Atlântico. E também a Portugal chegou, no final de 2016, adaptada por João Lourenço e Vera San Payo de Lemos, com encenação do primeiro no palco do Teatro Aberto e interpretação de João Perry. Zeller andou a mostrar a peça multipremiada um pouco por todo o mundo, até que a ideia de a partir dela se estrear na realização começou a ganhar corpo.
É a história de um homem velho no momento em que começa a manifestar sinais de demência que ele não quer ou não consegue admitir. Por instantes, julga-se que pode também estar a ser vítima de uma trapaça malvada, pois a relação com a filha e o genro não é das mais afáveis, e este pai vive agarrado a memórias, a objetos, aos seus botões e a uma ideia de independência — “não preciso de nada nem de ninguém” — que decerto lhe moldou o carácter de toda uma vida. Para o dramaturgo e cineasta estreante, “O Pai” tinha ressonâncias privadas, mas isso não impediu a Academia de tornar tão público quanto possível o seu trabalho, atribuindo-lhe os inesperados Óscares de Melhor Argumento Adaptado e de Melhor Ator, para Anthony Hopkins (quando tudo apontava para um Óscar póstumo para Chadwick Boseman, por “Ma Rainey: A Mãe do Blues”).
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Anthony Hopkins em exclusivo ao Expresso: “Esquecemos que a decadência faz parte da nossa existência” - Expresso
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