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Há um mito Pasolini que fez dele, ainda em vida, objecto de diferentes e contraditórias projecções, recuperadas pela indústria cultural que ele próprio tinha denunciado como uma máquina infernal. A sua capacidade de suscitar o escândalo fez dele um fenómeno mediático, uma “personagem”, mais do que um poeta ou um cineasta (e não faltou quem lhe tivesse apontado essa contradição, a de se dotar de uma dimensão mediática, usando as ferramentas da sociedade que criticou ferozmente). Um dos seus amigos, bastante mais novo, o romancista Walter Siti (a quem se deve uma recente edição, aumentada, de Petróleo, o “hiper-romance” póstumo de Pasolini) escreveu uma vez, com ironia, que “ler efectivamente as obras de Pasolini não é de modo nenhum necessário, basta ler os críticos que procuraram compreendê-lo e as disputas a que deu origem”.
Pasolini, um irredutível corsário | Cinema | PÚBLICO - Público
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