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Sunday, July 17, 2022

Dino d'Santiago foi messias na noite louca da "Malumania" - Jornal de Notícias

Maluma levou fãs à loucura no segundo dia do MEO Marés Vivas, em Gaia, depois de Dino d'Santiago ser o banho sacro de amor que o palco precisava.

Deixem-me apresentá-lo a quem não o conhece, porque quem o conhece não precisa da apresentação: Maluma, o cabeça de cartaz do segundo dia do Marés Vivas, é o novo astro latino da galáxia juvenil que orbita em torno do reggaeton e da música latina. Não é para todos os gostos, mas quem gosta gosta mesmo. Os fãs não vieram para brincadeiras: chegaram ao festival várias horas mais cedo do concerto para garantirem os primeiros lugares e tentarem um autógrafo ou um beijinho.

Daniela Silva e as amigas, que conheceu num espetáculo do artista na esgotada Altice Arena de há três meses, chegaram às 13 horas, apetrechadas com cachecóis e camisolas personalizadas. A elas juntou-se Lúcia Miranda, nascida em Portugal mas a viver desde sempre em Inglaterra, de onde veio "apenas para ver Maluma". E foi também para cumprir esse "sonho" que fomos encontrar Ana e Paulo refastelados em duas cadeiras de campismo, partilhando uma caixa de pizza e a longa espera pelo novo Ricky Martin.


Nascido em Medelín, em 1994, um mês depois de Pablo Escobar morrer nessa mesma cidade colombiana, Juan Luis, conhecido pelo nome de artista, é, aos 28 anos, um ícone desejado pelos fãs. Alguns querem-no, outros querem ser como ele. Eduardo, que veio de Paredes com a namorada, Eliana, descolorou o cabelo de propósito para lhe imitar o estilo. Mas bom... falta-lhe o colar de ouro branco cravejado com 15 mil diamantes com que apareceu no palco, a combinar com o bling bling do suporte do microfone. Uma pessoa normal põe o cão num porta-chaves ou no fundo do telemóvel, Maluma, porque pode, pô-lo num pingente extravagante à volta do pescoço.

A aparição do artista lascivo e luxurioso, entre colunas de fumo, com alguns minutos de atraso, deixou eufóricas sobretudo as fãs, que reagiam com gritos a cada movimento que fazia. Tirou os óculos e elas gritaram, franziu a sobrancelha esquerda e elas gritaram, levantou o braço direito e elas gritaram, mudou de camisola para t-shirt de manga cava e elas gritaram, perguntou pelas "mujeres solteras" e o resto da frase já se sabe.

Acompanhado por oito bailarinas esculturais, com quem foi encenando, ao longo de uma hora e quinze minutos, vários momentos de tensão sexual, Maluma começou e terminou o espetáculo com "Hawái" (do álbum de 2020 "Papi Juancho"), lançando trunfos como "Corazón", "11PM", single de maior sucesso do disco "11:11", e "Felices los Quatro", mas ficou-me a sensação de que poderia ter cantado os parabéns que o público dele ia vibrar na mesma intensidade. E nem o aviso de que o evento era um concerto e não um jogo de futebol - motivado pelos nada surpreendentes clamores dos festivaleiros pela equipa da Invicta - fizeram esmorecer a "Malumania".

A mensagem de Dino d'Santiago

Dino d'Santiago foi Fernando Pessoa: muitos dentro de um só. Foi cantor, bailarino, poeta, foi dos pretos, dos brancos, das mulheres, foi Lisboa, Gaia e Cabo Verde, foi funaná, kizomba e morna, eletrónica, batuque e coladeira. Dino é o profeta que faltava ao país e foi o profeta que faltava ao palco do Marés. Veio para espalhar a mensagem do amor e da igualdade dentro da diversidade e os discípulos beberam do seu cálice, mesmo não percebendo crioulo. "É isto que me motiva, branco com preto, tudo misturado", disse no início de uma atuação arrasadora e familiar, não estivesse ele na cidade onde viveu tantos anos e a ser escutado por tantos amigos.

Sempre sozinho no palco, só com o intensivo jogo de luzes, Dino nunca esteve realmente só quando cantou e sentiu mais de 20 canções dos últimos quatro álbuns. "Africa di Nôs" foi o génesis do livro sagrado que abriu ao público durante uma hora triunfante de concerto e que teve subjacente um só dogma: cachupa, feijoada transmontana e tripas à moda do Porto podem e devem estar na mesma mesa.

Dino d'Santiago cantou pela alma, dançou com o coração e pediu sempre mais energia ao público por onde irrompeu. Perdão, não foi energia que pediu - foi "mais tusa", porque "estamos no Porto". E o público deu-lha muitas vezes, tanto em "Nova Lisboa", hino à Lisboa aculturada, como na récem-lançada "Mbappé" ou em "Kriolu", no fim. Pelo meio, o músico, que é também uma espécie de messias, foi dando alguns sermões aos peixes: "Em tempos de guerra, uns são seres humanos e outros são simplesmente africanos, é preciso um ensaio sobre a cegueira para percebermos que só há uma cor a separar-nos".


Bárbara Tinoco sem medo da multiplicidade

No segundo dia do MEO Marés Vivas, depois de Rita Rocha, que se destacou no "The Voice Portugal", e Fer Lemos, vencedor do programa de talentos "MEO The Search", terem inaugurado a casa, Bárbara Tinoco aqueceu os corações de quem a ouviu ao pôr do sol. Na cantora de 23 anos, que se inaugurou ontem num palco principal de um festival, cabem mais do que uma Bárbara (estranho seria o contrário). E se a suspeita surgiu ao vê-la entrar em palco metade em brilhos, metade em estilo urbano, num cenário lilás e laranja, com um carro voador no fundo, a certeza chegou depois, quando cantou sobre amor e relações mesmo antes de entrar de skate durante a "Gisela" (do álbum "Desalinhados", de 2021).

A também compositora, muito aplaudida pelo público, não tem vergonha de dizer que todas as suas músicas são "deprimentes" - há ali, sem dúvida, uns pozinhos de Adele -, mas também não tem pudor em erotizar letras, como em "Devia ir" ou "Advogado". A verdade é que a "menina desastrosa" cresceu, virou "artista" e agora até põe rapazes a cantar os temas que fez por causa deles, "Sei lá", "Cidade" e demais baladas românticas.

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