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Monday, July 18, 2022

Sismo de magnitude 9 na escala de Anitta fechou o Marés - Jornal de Notícias

Anitta foi o peso pesado da 14.ª edição do Marés Vivas, que terminou na noite passada, em Gaia. Aos jornalistas, a artista falou sobre a importância de apostar na música de língua portuguesa e deixou no ar a vontade de fazer um espetáculo em nome próprio em Portugal.

Não foi preciso olhar para o cartaz do último dia do Marés Vivas para descobrir a atração principal. As purpurinas, os batons brilhantes, os tops e calções a deixarem à mostra a pele morena e os corpos despudorados a abanarem-se para cima e para baixo deixavam adivinhar que o terramoto Anitta estava para chegar. Larissa de Macedo Machado, assim nascida, é, aos 29 anos, a artista brasileira da atualidade com maior sucesso internacional e por isso, sem surpresas, está sempre debaixo de fogo. Se mostra o rabo, chamam-lhe cantora-porno. Se dá apoio público a Lula e critica Bolsonaro, dizem que "está se achando". Se fala sobre endometriose, é porque agora está na moda. Se exibe uma bandeira espanhola em solo português - como aconteceu no Rock In Rio, quando fez a vontade a uma fã espanhola -, chamam-lhe burra e ingrata. "Gente, eu sei bem qual é a bandeira de Portugal", voltou a repetir ontem, num concerto dinâmico e vigoroso em que distribuiu amor a "todos os fãs portugueses, brasileiros e de qualquer outro país".

Não é novidade que o puritanismo afeta sobretudo as mulheres, ainda mais as fisicamente livres e empoderadas, e Anitta é só mais um exemplo do preconceito bafiento que vê com maus olhos e más línguas o uso da imagem corporal. E com piores ainda a tomada de posições políticas e sociais de alguém que é conhecida pelas performances lascivas e as letras hipersexualizadas, como se tivesse de escolher só uma versão de si. Anitta está cá para mostrar que não: no palco, foi carnal, física e sensual, abanando a anca e as nádegas e encostando-se eroticamente aos corpos dos bailarinos; no fim, conversando com os jornalistas, de forma muito simpática e acessível, falou de política nacional e das ameaças à liberdade religiosa, sexual e de género no Brasil.

Mesmo sem grandes interações com o público no último concerto da digressão - o facto de ter atuado a seguir à comunicativa Jessie J salienta a pequena lacuna -, Anitta teve sempre os fãs na mão. Jovens raparigas e rapazes imitavam-lhe os jeitos e dançavam como ela, filmando-a sem pudor no zoom. Numa voz que está longe de ser espetacular, cantou em português, inglês e espanhol, correndo os vários álbuns, com "Sua cara", "Envolver", "Gata" e uma lista de onda funk, com pós de bachata, reggaeton e eletrónica, que só acabou com "O Show das Poderosas", que a catapultou para a fama em 2013. De resto, línguas de fora, movimentos de fazer o chão tremer, uma muda de roupa, efeitos nos ecrãs dispensáveis (pioraram a experiência visual para quem só conseguia ver a brasileira através deles) e um cansaço extremo que só se notou no atraso do concerto, nunca na atuação. "Estava a sentir-me muito mal antes. Os médicos deram-me soro e a pica aumentou", disse mais tarde, destacando, na conferência de imprensa informal, o valor do idioma português e partilhando a intenção de realizar um espetáculo em nome próprio em Portugal.


Horas ao sol, tatuagens e cadeira de rodas por Anitta

A estrela sul-americana bem pediu aos fãs para não assentarem arraiais horas antes do início do concerto, avisando-os, no Twitter, de que a espera ao sol e sem comer não era saudável, mas eles não ligaram e não descolaram das grades até à noite. Élia já tinha "o choro programado", Miguel exibia a tatuagem que fez em homenagem à artista (planeia fazer mais duas), Daniela estreou-se como festivaleira e comprou o bilhete mal saiu. Para Raquel, o concerto foi uma espécie de despedida de solteira oferecida pelas amigas. O JN foi encontrá-la no meio dos fãs, numa cadeira de rodas, por causa de um acidente que sofreu um minuto depois de receber o bilhete como prenda. De tão contente que ficou com a ideia de ver o ídolo ao vivo, deu um mergulho na piscina, mas magoou o pé e teve de levar dez pontos. "Num momento estava a chorar de alegria, no outro de tristeza", contou a felgueirense, que, sem conseguir andar, ficou desolada por achar que não veria a atuação. Benditas as parceiras, que não descansaram enquanto não alugaram uma cadeira de rodas para lhe cumprirem o sonho.


Poder de Jessie J está na voz e em tudo o resto

A legião de fãs de Jessie J era menor que a do fenómeno Anitta, mas não menos intensa e, nas primeiras filas, havia quem chorasse com a cantora britânica, dona de uma das mais afinadas vozes de toda a indústria musical pop. Numa noite que já se anunciava de monopólio feminino, Jessie J foi diva ousada, poderosa e arrojada, em harmonia total com a banda que a acompanhou. De macacão preto transparente com brilhos e uns tacões que só tirou no fim para saltar com o público, a artista entrou no palco como saiu, por entre uma cortina preta ao centro. Não parou de abanar o cabelo, ao estilo secador ou ventoinha, nem de tocar e apontar para a pélvis, ao estilo Michael Jackson. Muito faladora, o vozeirão de "Price Tag", "Domino" e "Do It Like a Dude" pediu aos fãs para não cantarem alto, porque estragariam os vídeos, e que evitassem fazer contacto visual com ela se não soubessem as letras, porque a confundiriam. Brincadeira, disse depois: "Podem fazer o que quiserem. Apenas sejam bons uns para os outros e deixem os telemóveis no bolso. Eu vim aqui para vos ver e vocês para me ver a mim".

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