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Monday, January 8, 2024

Morreu Arnaldo Trindade, fundador da Orfeu e um dos mais importantes editores de música em Portugal - Expresso

Morreu Arnaldo Trindade, fundador da editora Orfeu, “casa” para os discos de nomes como José Afonso, José Cid, Paulo de Carvalho, Sérgio Godinho, ou Fausto, entre muitos outros. Tinha 89 anos.

A sua morte foi confirmada pela família, na conta do próprio no Facebook, sem que tenham sido divulgadas as causas da mesma. O velório de Arnaldo Trindade terá lugar às 16h30 desta terça-feira, com o funeral marcado para as 10h de quarta-feira, na igreja de Cristo-Rei.

Arnaldo Trindade nasceu na freguesia de Bonfim, no Porto, a 21 de setembro de 1934. Oriundo da burguesia portuense - o pai importava e comercializava produtos da marca de eletrodomésticos Philco -, descobriu o gosto pelos discos na adolescência, depois de a família ter passado, também, a lançar discos da Polydor.

Em 1956, criou a editora Orfeu, com a qual editou discos de poetas como José Régio, Sophia de Mello Breyner, Miguel Torga, Eugénio de Andrade ou Fernando Namora, passando daí para a música - Pedro Osório, Adriano Correia de Oliveira, o Conjunto António Mafra e Os Titãs foram alguns dos primeiros nomes em que apostou.

A Orfeu acabaria por ficar associada, no entanto, à obra de José Afonso, com quem Arnaldo Trindade começou a trabalhar em 1968. “Na altura ele tinha acabado de fazer o EP com os ‘Vampiros’, que foi o primeiro disco dele proibido. Passado uns tempos fez outra obra, o ‘Cantares de Andarilho’, e nenhuma editora quis gravar, por receio de o proibirem. [Eu] Era um jovem e achava que se deviam fazer as coisas”, contou, em 2012, à Associação José Afonso. Discos da maior relevância na música portuguesa, como “Cantigas do Maio” (1971) ou “Venham Mais Cinco” (1973) contaram com o selo Orfeu.

É na Orfeu que José Afonso e Paulo de Carvalho lançam ‘Grândola, Vila Morena’ e ‘E Depois do Adeus’, respetivamente - as duas canções que se viriam a tornar senhas da Revolução dos Cravos. Assumidamente burguês liberal, Arnaldo Trindade foi amigo pessoal de Francisco Sá-Carneiro, ainda antes da Revolução de Abril, quando este era deputado na Assembleia Nacional. Em 1979, eleito Primeiro-Ministro, Sá-Carneiro convidou-o para tomar a pasta de Ministro da Cultura, o que recusou.

Depois do 25 de Abril, a Orfeu editou álbuns de Sérgio Godinho ("Pano-Cru", de 1978, e “Campolide”, de 1979), Fausto Bordalo Dias ("Um Beco Com Saída", de 1975, “Madrugada Dos Trapeiros”, de 1975 e “Histórias de Viageiros”, de 1979) ou, até, Quim Barreiros, “descoberto” por José Afonso. Em 1979, Arnaldo Trindade comprou a Rádio Triunfo e em 1983, venderia a Orfeu à editora Movieplay. O catálogo da editora está amplamente ausente dos escaparate e do streaming, fruto da insolvência da Movieplay, já no século XXI.

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