Abrir o palco principal na 24ª edição do MEO Sudoeste poderia ter sido uma experiência memorável (de boa) para Mário Cotrim, que o público melhor conhece como ProfJam, mas a verdade é que, por muito que se tenha esforçado, as dificuldades técnicas que o obrigaram a interromper a atuação por uns longos 20 minutos ter-lhe-ão deixado um valente amargo de boca. Depois da abertura em grande, atraindo uma boa mancha humana para a frente do palco com temas como ‘Minha’, ‘Damn/Sky’, com o convidado Lon3r Johny, ‘L.O.M.’, que resultou numa festa em palco com os luso-angolanos Mobbers e T-Rex, ou o momento drill ‘Mudo de Vida’, atirou-se aos ritmos intensos de uma hipersexualizada ‘Hei’, dedicada “às meninas”.
“Antes de mais, eu sou o ProfJam, mas o meu nome civil é Mário Cotrim”, apresentou-se o músico, como que a explicar o MC exibido no ecrã gigante, “obrigado por estarem aqui às 8 da noite. Prometo que não se vão arrepender. A viagem está só a começar”. O problema é que a viagem, depois de uma envolvente ‘Malibu’ – e de o público o brindar com o grito de guerra “essa m*rda é que é boa” – foi inesperadamente encurtada. ‘Finais’, tema recuperado ao álbum “System”, editado a meias com Benji Price em 2020, teve direito a duas falsas partidas e o silêncio tomou conta da Herdade da Casa Branca. “O ProfJam é tão forte que estragou o system”, exclamou Mike El Nite, tentando aligeirar o ambiente, “assim que conseguirmos, vamos voltar a vocês”.
Ao longo de aproximadamente 20 minutos, o público manteve-se firme, deixando mensagens de encorajamento a ProfJam, exibidas nos ecrãs de telemóveis captados pelas câmaras que filmavam a atuação. “Prof, vais voltar?”, “queres ser meu padrasto, Mário?”, “estou para adoção, Prof”, “Mário, a minha tenda é melhor” ou “volta som”… e o clássico “Oh Elsa” (“Onde é que está a Elsa? Vocês sabem que ninguém sabe dela há 20 anos?”, tinha atirado Mike El Nite, momentos antes) ajudaram a entreter as hostes até ao regresso para uns intensos 20 minutos finais.
“Sudoeste, estamos de volta ou não?”. E, sem perder tempo, ProfJam e Benji Price juntaram-se para o dueto ‘Tribunal’, um dos momentos mais fortes do concerto, com o músico a servir, de seguida, os hinos ‘À Vontade’, ‘Tou Bem’ e “o batismo” ‘Água de Coco’, todos brindados com coro volumoso. A despedida chegou, depois, ao som de ‘Wuow’, um dos seus singles mais recentes. “Quero agradecer a esta maré de gente bonita, que esperou por mim para celebrar a vida”, agradeceu ProfJam, “estamos juntos para sempre”. “Até para o ano”, acrescentou Mike El Nite. Talvez o concerto enguiçado desta noite tenha desforra em 2023.
ProfJam no MEO Sudoeste: 50 minutos de música, 20 de apagão técnico e uma chuva de mensagens - Expresso
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